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Editorial

UFN-3 e a Rússia

Leia o Editorial do Jornal do Povo, na edição que circula esse sábado (26).

Leia o Editorial do Jornal do Povo, na edição que circula esse sábado (26). - Arquivo/JPNews
Leia o Editorial do Jornal do Povo, na edição que circula esse sábado (26). - Arquivo/JPNews

A invasão da Rússia ao território da Ucrânia, além de condenada pelo mundo civilizado, que respeita os limites dos países nos termos das convenções internacionais, causa espanto. A ordem internacional não pode e nem deve ser sublevada pelo arbítrio de qualquer governante, que ditatorialmente queira impor suas ideias. O mundo assiste atônito a invasão russa na Ucrânia, por conta da tentativa em reaglutinar países que no passado integraram a União das Repúblicas Soviéticas. A alegada fragilidade pela Rússia de que suas fronteiras estão desprotegidas e ameaçadas caso a Ucrânia ingresse na Otan é descabida num mundo que luta pela paz permanente entre as nações. 

O fato é que os efeitos dessa invasão comandada por um governante insano trouxe diretamente para Três Lagoas consequências graves para a economia da cidade e do país. Por conta do bloqueio econômico imposto pelos países da Europa e da América, e que certamente não será furado pelo Brasil, os russos através de seu grupo empresarial Acron, que estava em tratativas com autoridades do governo brasileiro, do estado de Mato Grosso do Sul e, principalmente, com a Petrobras para a aquisição da fábrica de fertilizantes aqui em construção e paralisada a quase oito anos, serão alcançadas e mais uma vez ocorrerá os atrasos para a sua conclusão e entrada em operação. Mas, se a Petrobras registrou em 2021 um lucro líquido de R$106,6 bilhões, superior em 7,1 bilhões ao exercício de 2020, está mais do que claro que falta para a estatal e ao governo brasileiro o estabelecimento de uma política mais racional e efetiva para preservar o seu patrimônio e demais ativos.

É preciso concluir a construção da fábrica de fertilizantes nitrogenados.  Primeiro, porque a Petrobras não pode e nem deve descartar, sem mais nem menos, um dos seus ativos, quando mais de 3,5 bilhões de reais que já foram investidos na sua construção, e que está com pouco mais de 80% a caminho do sucateamento. Essa conduta em deixar paralisada a conclusão da fábrica é crime de lesa pátria, que todos devem combater. É preciso que as autoridades do Planalto Central sejam esclarecidas sobre a relevância da fábrica. Ao demais, a sua entrada em funcionamento é estratégica para o país que importa aproximadamente da Rússia e da China, pouco mais de 70% dos fertilizantes utilizados na agricultura, que hoje pena pagando quase ou pouco mais de R$5mil reais a tonelada para corrigir o solo que faz florecer a riqueza nacional.  Temos que mudar o discurso, deixar a passividade, despertar nossas lideranças e bradar por todos os recantos por onde possa ressoar nossas palavras para pedir, senão exigir, que a Petrobras, conclua a construção da UFN 3, e produza como previsto incialmente os fertilizantes que tanto utilizamos na agricultura. E depois, se quiser que venda por um preço justo.

O Brasil não poderá furar o bloqueio internacional imposto à Rússia. Se o fizer, sofrerá consequências e prejudicará substancialmente a produção nacional destinada ao mercado externo. Essa invasão, bruta, estúpida, acabou por prejudicar nossos interesses aqui em Três Lagoas. Mais, uma vez somos surpreendidos pela ironia do destino. Enquanto a comunidade internacional mantiver embargo econômico à Rússia a UFN-3 continuará no chão.