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Entrevista

UFN 3 e Porto Seco em Três Lagoas são prioridade neste ano, diz Verruck

Governos federal e de Mato Grosso do Sul priorizam os trabalhos em conjunto para obras estratégicas para a economia do Estado

Secretário > Jaime Verruck
Secretário > Jaime Verruck

O  Governo de Mato Grosso do Sul vai reativar a empresa estatal MS Mineral. A informação foi dada pelo secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, em entrevista exclusiva a rádio CBN Campo Grande. Ele também destacou os avanços alcançados pelo setor ambiental no Estado nos últimos anos, bem como as perspectivas para 2024, como a instalação do Porto Seco e a retomada da UFN 3,  em Três Lagoas.

Qual o balanço do trabalho da Semadesc em 2023? 
Jaime Verruck– O grande ponto que podemos falar é a meta que nós tínhamos de captação de investimento privado. Porque é fundamental o investimento privado para que ele alavanque o processo de desenvolvimento econômico. Conseguimos fechar o ano com importantes empreendimentos vindos para o Estado. E é isso que impacta de uma maneira significativa na geração de emprego. Uma outra meta era permanecer entre os cinco estados que tinham o menor nível de desemprego no país e conseguimos. Mato Grosso do Sul fechou o ano com praticamente 4% de desemprego. O governo criou o voucher transportador, o voucher desenvolvedor, exatamente para qualificar essas pessoas. Então, os resultados, do ponto de vista da economia, foram importantes. 
E acho que o outro ponto foi a questão do meio ambiente. Tivemos dois programas significativos: a Lei do Pantanal e também a questão do programa  PROSOLO, que é um programa de recuperação de solo no estado,  que tem tido resultados significativos, inclusive no próprio Alto Taquari, que é uma questão extremamente importante.  

Temos alguns setores que demandam muito por qualificação e ainda não foram atingidos por esses programas. Um deles é o da construção civil. Têm algo definido para o setor?
Jaime Verruck–  É importante entender que MS  está em uma situação de pleno emprego e vamos identificar quais são os setores e o perfil que é necessário intervir. Vou te dar o exemplo de Sidrolândia. Está sendo construída a Inpasa lá, um investimento de R$ 2 bilhões na área de etanol de milho. Tem 600 pessoas trabalhando no local e em março vão ser duas mil pessoas, essencialmente na área da construção civil. Quando falamos desse setor, a gente pensa muito no pedreiro, mas não estamos falando do eletricista, do encanador, do operador de máquina, em toda essa estrutura. Já a empresa  Suzano está desmobilizando  a construção civil em Ribasdo Rio Pardo, com a conclusão da obra. é onde entramos no processo fazendo a captação dessas pessoas em Ribas  para tentar levar à Sidrolândia, usar essa mão de obra já capacitada da construção civil industrial.  Então, por mais que pareça que a construção civil é um mecanismo de entrada da pessoa sem qualificação, quando falamos do pedreiro, do eletricista,  já existe uma formação de longo prazo. Hoje, praticamente todas as atividades de Mato Grosso do Sul  precisam de pessoas capacitadas. 

Como está a questão da implantação do Porto Seco, em Três Lagoas?
Jaime Verruck– As três indústrias que nós temos hoje estão instaladas no município de Três Lagoas, sendo a principal exportadora de celulose do Brasil, hoje.  Quando falamos em Porto Seco,  nós discutimos um pouco da estrutura logística. Nós terminamos no ano passado, junto com a Prefeitura Municipal, a formulação do edital e a definição do terreno. Por que estava demorando isso? Na verdade, Três Lagoas estava fazendo seu plano diretor. Agora, o município terminou de desenhar o seu plano diretor para a gente definir a área adequada para a instalação do Porto. Com essa definição nós acreditamos que no primeiro semestre, a Receita Federal, que é a responsável, irá publicar o edital. A Receita refez todo o estudo de viabilidade econômica e, agora, fica a cargo do órgão fazer o lançamento do edital  para que algum operador dessa área assuma a operação do Porto Seco. Mas o Porto em Três Lagoas depende de algumas outras estruturas, como é a questão da definição da própria Malha Oeste, que já estamos em tratativas com o Governo Federal.

Há pouco tempo a Petrobrás assinou um contrato para ampliação da compra do gás natural. Qual o plano da MS Gás para o aproveitamento do gás? 
Jaime Verruck-
Na época que se pensou no gasoduto,  se criou muita expectativa em cima.  Ele é um meio de transporte, ele é uma via. Mato Grosso do Sul, obviamente, não teria, em nenhuma hipótese naquela época, como  aproveitar 30 milhões de metros cúbicos, até porque ele não foi feito para isso.  O gasoduto  foi feito para levar gás para o Brasil inteiro. A Petrobrás está com toda a estrutura de organograma e cronograma pronto para a retomada da UFN 3. Na hora que for retomada, são seis meses para iniciar a obra,  mais um ano e meio de obra. A previsão é que a  UFN3 opere daqui a dois anos. A Petrobras renovou o contrato com a Bolívia de 20 milhões de metros cúbicos. E  esse gás vai para a UFN3, vai para a MS Gás.

O senhor declarou que Mato Grosso do Sul é um tesouro de recursos minerais, que precisa ser estudado e explorado. Seria um trunfo do Estado, para o futuro, a exploração desses minerais? 
Jaime Verruck–  A atividade mineral,  não é percebida  no Estado.  Só para dar um exemplo, não há construção civil sem atividade mineral.  Ou seja, o tijolo que sai da argila, ou quando você vai pisar, a areia, o cimento, o mármore, ferro. Não há como falar em habitação sem exploração mineral. 
E o que acontece no Estado?  Primeiro, nós tivemos uma grande retomada de investimentos  na área do minério de ferro. Um ponto importante foi a venda das minas de ferro e manganês da Vale para o Grupo J&F. E duas novas empresas de mineração entraram  no município de Corumbá.  São investimentos previstos de praticamente R$ 5 bilhões. Isso pressiona a logística, pressiona a estruturação, pressiona a ferrovia. Uma empresa que tinha um compromisso de 1.500 empregos,  já está em 2 mil empregos. 

Além disso, nós temos uma expansão forte  na questão do calcário no estado.  A questão do pó de rocha, que está sendo muito utilizado na agricultura, a questão da brita, da pedra, do basalto. Nós tínhamos uma empresa que estava parada, que chamava MS Mineral.  O governador autorizou a gente retomar a empresa de economia mista. Nos próximos dois meses a gente vai adequá-la à Lei das Estatais e ela volta a operar. O primeiro trabalho será fazer o planejamento mineral do Estado, o mapa geológico com a identificação de terras raras, o mapa de mineração com o potencial de exploração e o levantamento dos Minerais Estratégicos, de acordo com o Plano Nacional de Mineração 2030 (PNM-2030), do Ministério de Minas e Energia (MME).