Apesar de todo o potencial turístico, Três Lagoas ainda não conseguiu despertar grandes investimentos nesta área. Contemplada pelas belezas naturais, por sua localização estratégica e privilegiada, bem como pela abundância energética, Três Lagoas, que é cercada pelos rios Paraná e Sucuriú, ainda não é considerada uma cidade turística.
Na opinião do empresário Antônio Falco, um dos pioneiros no investimento nesta área, todo o potencial que a cidade possui é pouco explorado. Segundo ele, deveria haver uma divulgação maior por parte do poder público no que se refere ao potencial turístico que o município possui.
Para o empresário, as pessoas de Três Lagoas já estão acostumadas com o potencial que o município possui, por isso não dão valor. “É preciso ter um trabalho de mídia, uma ampla divulgação nacional e até internacional de todo esse potencial, até para atrair novos investidores. Aqui é mil vezes melhor que Bonito. Em Três Lagoas, podemos desfrutar da natureza, podemos pescar, navegar, uma série de coisas e, em Bonito, só podemos olhar. Temos o Rio Verde, os rios Paraná e Sucuriú. Temos um potencial imenso, mas inexplorado. Estamos na divisa com o Estado de São Paulo, há 300 quilômetros de cinco milhões de pessoas que podem usufruir disso aqui”, destacou.
Além disso, entende ainda que é preciso haver mais investimentos em novos empreendimentos para que Três Lagoas seja uma cidade atrativa. Citou como exemplo, a necessidade de se ter hotéis às margens do rio Sucuriú. “Poderiam investir em hotelaria para o lazer. É preciso que a cidade tenha atrativos para que os turistas tenham interesses em vir para Três Lagoas, potencial temos”, salientou.
Ainda de acordo com o empresário, é necessário mais investimentos também na área de infraestrutura da cidade, como melhorar o aspecto urbanístico. “É preciso melhorar as entradas da cidade, proporcionar condições das pessoas sentirem prazer de vir em Três Lagoas. Mas, não é isso o que ocorre. As estradas que vão para os ranchos, por exemplo, são horríveis, era preciso ter asfalto, não temos nada que deixe um turista feliz. Então, os turistas acabam procurando outras regiões”, comentou.
Segundo levantamentos da Universidade Federal (UFMS), existem cerca de 1.200 ranchos às margens do rio Sucuriú em Três Lagoas. Poucos, no entanto, são explorados comercialmente. Há 18 anos, o empresário investiu na construção da Pousada do Tucunaré, uma das poucas, ou a principal, no município. Ele disse que a maioria das pessoas que frequentam o local é de fora.
ROTEIRO
O diretor-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, Nelson Cintra, disse que é preciso que Três Lagoas crie um roteiro do que possui para que haja uma maior divulgação. Ele revelou que o governo do Estado não possui nenhum material da região da Costa Leste para contribuir no trabalho de divulgação. “Na verdade, no Brasil, o turismo é algo novo, e pouco é investido neste setor, que é tão importante para a geração de emprego e renda. Mas, o governador nos pediu que desse uma atenção especial para esta área e, estamos realizando encontros regionais para discutir o turismo por região”, comentou.
Falta de legislação compromete investimentos às margens do rio Sucuriú
Para o responsável pelo Departamento de Turismo da prefeitura, Otoni Ávila Ornelas, falta uma legislação para definir a questão da construção de empreendimentos às margens do rio Sucuriú. Ele lembrou que, há alguns anos, a Companhia Energética de São Paulo (Cesp) ajuizou ações na justiça contra donos de ranchos que construíram, segundo ela, em área de sua propriedade. Em razão disso, muitos empresários ficaram com receio de investir às margens do rio. “Falta uma legislação específica para definir o que pode, e o que não pode ser feito em relação à construção. Não existe uma lei clara, e o empresário tem certo receio em fazer alguns investimentos”, comentou.
Mas, a partir de agora, segundo Otoni, esse tema deve voltar à discussão, já que uma Comissão deve ser formada para debater essa questão. Essa comissão deve ser composta por representantes dos órgãos ambientais, prefeitura e governo do Estado. “Potencial temos, agora precisamos saber se pode ser explorado ou não. Esse seria o primeiro ponto, o segundo, precisaria ter ações conjuntas entre governo e empresários para avançarmos nesse sentido”, destacou.
Em relação à prainha de Jupiá, que as pessoas cobram a revitalização, Otoni disse que a situação é bem parecida, já que a prefeitura não pode investir no local, por ser área da CESP. “Essa é uma questão jurídica que também precisa ser analisada, talvez uma parceria com a iniciativa privada poderia ser feita para a revitalização do local, disse.
Ainda de acordo com Otoni, o Departamento de Turismo está passando por uma reestruturação para que melhorias possam ocorrer nesta área. (Ana Cristina Santos)
Eventos contribuem para o desenvolvimento do turismo
De acordo com o diretor do Departamento de Turismo, Otoni Ávila Ornelas, alguns eventos contribuem para o desenvolvimento do turismo. Ele citou como exemplo, o Motoshow, que reúne centenas de motociclistas em Três Lagoas, bem como o Torneio de Pesca, que traz para a cidade muitos pescadores de outros estados e regiões.
Segundo Otoni, é preciso investir mais nesse tipo de evento. “Tem cidades que vivem muito mais desse tipo de evento, como é o caso de Corumbá e Bonito, que recebe o Festival da América Latina e o Festival de Inverno. Nós queremos consolidar isso em Três Lagoas também. Já está dentro do nosso plano, inclusive, tornar a Festa do Folclore atrativa para atrair turistas também. É preciso ter mais eventos como estes do Motoshow e Torneio de Pesca para atrairmos mais turistas”, disse.
Além dos eventos de lazer, há alguns anos Três Lagoas já vem se consolidando na área do turismo de negócios. “Temos trabalhado na capacitação de eventos junto com a Fecomércio. Em breve, Três Lagoas terá um Centro de Convenções, o qual, depois de pronto, dentro das três etapas, não vai atender apenas Três Lagoas, mas a região. Então, temos que buscar algo que atraia mais pessoas para Três Lagoas, esse é o chamado turismo de negócios”, destacou.
Os eventos de negócios, conforme Otoni, acabam contribuindo para o turismo de lazer. Agora, segundo ele, é preciso que Três Lagoas tenha atrativos para que os empresários, as pessoas que vem para a cidade, possam aproveitar e passar o fim de semana no município, por exemplo.