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'Uma dor irreparável', diz avó de estudante assassinada em Três Lagoas

Maísa Martins, de 12 anos, foi morta a tiro durante tentativa de assalto no bairro Guanabara

Estudante morreu após reconhecer um dos assaltantes durante abordagem - Reprodução/TVC
Estudante morreu após reconhecer um dos assaltantes durante abordagem - Reprodução/TVC

A aposentada Silvia Regina Barrinha não consegue conter as lágrimas ao lembrar-se da neta, de 12 anos, assassinada há um ano, em Três Lagoas, durante tentativa de assalto, no bairro Guanabara. Ela afirma que a estudante Maísa Martins era uma adolescente meiga e delicada, mas que teve a vida interrompida de forma cruel. No pátio do Setor de Investigações Gerais (SIG) da Polícia Civil, nesta quarta-feira, 16, Sílvia cobrou justiça e pediu para que o caso não caia no esquecimento.

“É uma dor irreparável e não desejo isso para ninguém. Eu lembro da minha neta todos os dias e não consigo aceitar que ela tenha morrido de uma forma tão cruel. Uma menina tão dedicada que, simplesmente, não existe mais. Só em nosso coração. E isso não pode ser arquivado”, declarou a aposentada. Maísa Martins foi vítima de latrocínio – roubo seguido de morte – no dia 5 de dezembro de 2014.

Ela estava na frente da casa da família acompanhada pelo avô, quando dois ladrões em uma bicicleta chegaram ao local. Eles abordaram o avô da estudante e tentaram tirar uma pulseira de ouro que estava no braço dele. Na ocasião, Maísa reconheceu um dos assaltantes e gritou. O comparsa estava armado e efetuou um disparo contra ela, que atingiu o pescoço. Em seguida, a dupla fugiu do local sem levar a pulseira ou pertences das vítimas.

À época do fato, o suspeito de ter atirado contra a estudante tinha 17 anos e chegou a ser encaminhado para uma unidade socioeducativa, na região. Porém, segundo a Polícia Civil, atualmente ele está em liberdade. O outro criminoso, de 19 anos, foi preso um mês depois do crime, mas morreu em abril deste ano, dentro da Penitenciária de Segurança de Média de Três Lagoas. A suspeita é de que o acusado tenha sido alvo de uma facção criminosa que atua dentro das unidades prisionais.

Nove supostos integrantes foram alvos da Polícia Civil, nesta quarta, durante uma operação para cumprimento de nove mandados de prisão preventiva. Entre os envolvidos, está o tio da Maísa, de 35 anos, que, por vingança, teria planejado a morte do detento acusado de assassinar a sobrinha. “Ele [tio] cumpria a pena por tráfico de drogas na penitenciária no mesmo período em que o acusado pela morte da adolescente foi preso. Por ser integrante da facção, tudo leva a crer que essa foi a principal motivação do grupo em praticar o homicídio no presídio”, declarou o delegado do SIG, Thiago José Passos da Silva.

Atualmente o tio da adolescente cumpria pena no regime semiaberto e foi preso pela Polícia Civil, durante cumprimento de mandado. A aposentada Silvia Regina contesta as investigações e alega que o filho não tem participação no homicídio. “Meu filho estava preso em uma ala que fica bem distante do setor que esse presidiário estava. Ele não matou ninguém e ainda sofre muito com a morte de Maísa porque era o padrinho dela. Perdi uma neta e, agora, com um filho preso novamente. Não é justo”, lamentou.

Silvia acompanhou a prisão do filho e foi até ao SIG devido às acusações que pesam contra ele. Abalada com a situação, ela também foi ouvida pelo delegado.

Operação

Seis dos nove integrantes da facção já estavam presos por envolvimento em outros crimes e, agora, vão responder por homicídio triplamente qualificado e participação em organização criminosa. Cinco supostos integrantes são de Três Lagoas, sendo que dois cumprem pena no regime fechado, um estava no semiaberto, e dois estavam em liberdade condicional.

Outros três estão detidos em Campo Grande e o suspeito de liderar o esquema dentro da penitenciária, conforme a polícia, foi localizado no estado de São Paulo. 

Foi solicitado à Justiça que os suspeitos sejam encaminhados para a Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande e também para presídios federais em outras regiões. “Queremos desmantelar a atuação do grupo na cidade e solicitamos que sejam enviados à unidades com maior segurança”, frisa Passos.

As prisões contaram com o auxílio da Polícia Federal e do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), ligado ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul.