Há décadas presenciamos a alta ociosidade das ferrovias brasileiras. O transporte, principalmente, de produtos primários pelas estradas, em detrimento à malha ferroviária e à integração com portos e aeroportos é uma situação que incomoda a população, afinal o grande fluxo de cargas pelas rodovias tem impacto direto no número de acidentes de trânsito, na geração de poluentes para a atmosfera, na redução da durabilidade da malha rodoviária, no custo das mercadorias, prejudicando o desenvolvimento econômico e até afastando novos investidores.
Em Mato Grosso do Sul diversas iniciativas tentaram recuperar a Malha Oeste – inicialmente NOB (Noroeste do Brasil) e, depois, assumida pela falida RFFSA (Rede Ferroviária Federal). Diferentes empresas assumiram o compromisso depois da privatização para atender ao transporte de cargas e também de passageiros, mas o que se viu até agora está longe de ser um processo definitivo, moderno e que atenda às necessidades dos diversos setores da economia regional. As empresas iniciaram os trabalhos, chegaram a operar sobre os trilhos, mas depois abandonaram o projeto.
A tão esperada “revolução ferroviária” a partir da retomada do trecho entre Corumbá-MS e Bauru -SP está neste momento em novo compasso de espera. A previsão é que a malha tenha nova concessão até 2023, seguindo o modelo implantado no estado de Minas Gerais, que atraiu R$ 80 bi em investimentos para as ferrovias. Recursos destinados à criação e operação pelo regime de autorização previsto no novo Marco Legal do setor ferroviário brasileiro, sancionado no final do ano passado.
Enquanto isso, os governos de Mato Grosso do Sul e de São Paulo trabalham em parceria para que a integração das malhas ocorra seguindo novas leis e ações a serem aprovadas nos dois estados. Em paralelo, há subtrechos da Malha Oeste que devem receber investimentos da iniciativa privada. Os quase noventa quilômetros de trilhos entre Três Lagoas e Aparecida do Taboado serão de responsabilidade da Eldorado Brasil Celulose, com investimento de R$ 890 milhões para permitir o transporte de carga estimada em 1,7 milhão de toneladas/ano de celulose. A Suzano investirá no trecho entre Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas. E a Ferroeste pretende investir nos 76 Km entre Maracaju e Dourados.
E, nessa última semana, o anúncio da Vale sobre a venda dos ativos de minério de ferro, minério de manganês e logística no Sistema Centro Oeste, para a dona da JBS e da Eldorado do Brasil Celulose, a holding J&F, é mais um sinal de que novos tempos estão por vir. Assim esperamos!