O Oriente volta a tomar conta do horário nobre. Na novela Caminho das Índias, que substitui A Favorita a partir de hoje na Globo, Glória Perez retoma o clássico tema do amor impossível para falar sobre as diferenças culturais entre a Índia e o Brasil. Mas avisa: a história tem tudo para ‘pegar’ o público brasileiro, a exemplo de O Clone (2001). E, assim como na novela anterior, em que Marrocos parecia ser “logo ali”, a ponte aérea Índia-Brasil vai rolar solta no novo folhetim.
O enredo indiano está focado no complicado amor de Maya (Juliana Paes) e Bahuan (Márcio Garcia). Shankar (Lima Duarte), brâmane responsável pela criação do intocável Bahuan, não quer que o romance avance. Nem ele, nem o comerciante Opash, vivido por Tony Ramos, que está louco para que o filho Raj (Rodrigo Lombardi), um apaixonado pelo Brasil, se case com a indiana. Na Índia, um brâmane ou brahmin é considerado casta mais alta, enquanto um intocável não tem casta e pertence ao grupo que faz trabalhos considerados indignos.
Até por isso, o amor entre os protagonistas vai parecer um tanto platônico para o público brasileiro. Maya e Bahuan não se beijam, por escolha de Glória Perez, para respeitar os costumes indianos. “Só se for fora da Índia”, ressalta a autora. O motivo de tanto cuidado? É que o namoro dos dois é proibido pelas normas do hinduísmo, já que ela é de uma casta nobre da Índia, e ele é um intocável.
No Brasil, o destaque será o drama da família Cadore. Bruno Gagliasso, que viverá o esquizofrênico Tarso, sofrerá com a pressão feita pelo pai Ramiro (Humberto Martins) para que ele se torne um grande empresário na família. A loucura também será tratada, embora de forma diferente, nas artimanhas da maquiavélica Yvone ( Letícia Sabatella). Ela aparece depois de anos para reencontrar a amiga de infância Silvia (Débora Bloch) e tentar conquistar o marido dela, Raul (Alexandre Borges), tio de Tarso.
Para dar leveza à história – cheia de dramalhões -, Glória Perez vai colocar humor no bairro popular da Lapa, no Rio de Janeiro. Ali se centrarão os núcleos engraçados. “O Rio de Janeiro não é só Copacabana e Ipanema, existe uma vida além do túnel.” Uma das apostas da autora para mostrar esse lado B do Rio é a personagem Dayse (Betty Gofman), apaixonada pela Índia e pelo Second Life.
Com o balanço entre drama e humor, a novelista alimenta altas expectativas sobre a audiência – apesar dos índices da novela anterior (depois de bater o recorde de audiência com 52 pontos, A Favorita marcou apenas 48 no Ibope, no último capítulo, sexta-feira).