Forças policiais três-lagoenses são unânimes quando o assunto é o número de servidores em combate ao crime. Polícia Civil e Polícia Militar pedem a convocação imediata de investigadores, escrivães e soldados e apontam “risco de descompasso” ante ao que se referem como “evolução criminal” na região de Três Lagoas, que inclui Selvíria, Paranaíba, Aparecida do Taboado, Brasilândia e Água Clara.
No mês em que Três Lagoas comemora 103 anos, policiais cobram avanços no combate à criminalidade. E o aumento “de efetivo” é o principal deles.
Mesmo assim, apontam que têm conseguido atacar o tráfico e o crime organizado; desarticulado quadrilhas de furtos e assaltos, além de conter contrabandos de cigarros e pneus. Citam, ainda, que têm esclarecido mais casos de homicídios e feminicídios, além de apreensões e recuperação de produtos furtados, como veículos e os cobiçados celulares. Somente neste ano, mais de 50 aparelhos telefônicos móveis foram devolvidos aos donos. Também, cinco operações conjuntas foram realizadas na cidade e região, com 86 prisões e detenções. E as investigações não param. As forças policiais têm agido mais em conjunto. Entretanto, a intensificação das ações seria resposta ao constante avanço da criminalidade, segundo o delegado regional de Polícia Civil, Rogério Makert.
“Nos últimos dez anos, Três lagoas se tornou emergente, se desenvolveu, cresceu e com isso a criminalidade também”, diz o delegado, numa mescla de conquistas e dificuldades. “Tentamos acompanhar os níveis de criminalidade e combater o que é possível e também impossível”, disse. E aponta: “não nos falta muitos recursos materiais, hoje. Temos viatura, computadores, informática e serviço de inteligência muito efetivo e eficaz. A população tem colaborado e denunciado mais.”
Mas, quando o assunto é o quadro de policiais, surge a preocupação. “Nos falta recurso humano. Fazemos gestões administrativas para que recebamos novos delegados. Três Lagoas é a segunda maior cidade do interior, atrás de Dourados e a população clama por mais segurança e presença de policiais civis”, disse.
Hoje há 10 delegados em atividade em Três Lagoas. Destes, três trabalham em Água Clara, Selvíria e Brasilândia. E Makert quer mais quatro. “Algumas delegacias com apenas um delegado já não é suficiente, porque, além da carga horária, têm plantão noturno, finais de semana, inquéritos e ordens de serviço para entregar. Precisamos, no mínimo, de dois delegados por delegacia, porque a cidade é grande”.
“Em relação ao efetivo, são 50 investigadores e alguns estão desviados de função para as administrativas, como escrivães. Também esperamos que o concurso que está em trâmite, surta efeito”, acrescenta.
Além de delegados, a cidade necessita de novas delegacias. “Há interesse da cidade, até mesmo político, que novas delegacias sejam criadas, como a da infância e juventude, do idoso, crimes cibernéticos e digitais, além de grupo tático instituído, pois temos precariamente um SIG (Setor de Investigações Gerais) que nos atende, mas, precisamos de um mais equipado, evoluído, como um braço do Garras (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) ou GOE (Grupo de Operações Especiais), além de treinamento para estes policiais para que não dependamos 100% da capital”.
Rogério Makert finaliza, afirmando que, infelizmente, tais delegacias não deverão ser instaladas neste ano. “Procuramos nos especializar. Precisamos ser uma polícia moderna, melhorarmos o atendimento a Delegacia da Mulher, em que mais de 50% dos casos são de violência doméstica. Precisamos dar treinamento a estes servidores, além de novos escrivães e investigadores. Mas, visualizamos que o governo está tentando melhorar. Há o concurso de delegados em andamento até o final de 2018. Estamos na expectativa que, na primeira quinzena de julho de 2018, estes delegados sejam encaminhados e distribuídos para as cidades do interior”.
Adequação
Para o comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar de Três Lagoas, major Ênio de Souza Soares, o crescimento da cidade é um dos maiores desafios das corporações policiais. “A cidade cresceu bastante e a PM teve que se adequar a esta nova realidade e ter uma característica diferenciada. Passou a abraçar um número grande de pessoas, com o mesmo número de policiais desde a criação do batalhão”, relata.
“O que mudou foi a forma diferenciada de fazer o policiamento, para tender a demanda. O crime migra e também muda e, conforme vamos observando estas transformações, vamos adequando o policiamento para combater toda esta criminalidade”.
Como o delegado, Ênio de Souza pede mais contratações. “Pretendemos que o Governo do Estado se sensibilize e promova esses concursos, para prover a necessidade de policiamento de Três Lagoas e região”.
O militar aponta ações do crime organizado como os maiores desafios. “Três Lagoas é um cidade pujante e, por ser fronteira, é um grande corredor de ilícitos de contrabando e narcotráfico. Isso nos preocupa bastante. E estamos nos preparando para um crescimento ainda maior de Três lagoas. Estamos preocupados e aguardando mudanças”.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Federal, mas não obteve retorno sobre o assunto.