Ao apresentar o Cruise 2019 da Louis Vuitton na Foundation Maeght, NicolasGhesquiere recupera algumas estratégias de sucesso que já usou na marca. O contraste — palavra-chave para entender esta coleção — entre as roupas esportivas do novo milênio e o rigor artesanal das peças do século passado é o que mais chama atenção. A mistura de opostos fica mais evidente nos looks com itens que levavam mais de um material em sua composição.
Os suéteres com padrões clássicos de losangos ou motivos alpinos construídos apenas com malha bordada de paetês são um bom exemplo. Ou ainda, os looks de tecido metálico plissados minuciosamente reproduzindo o efeito dos bordados de canutilhos clássicos da couture. Vale lembrar que o estilista é conhecido também por misturar o natural ao sintético e o ultratecnológico com o artesanal antigo. Não à toa, o amor pelos anos 1970 e a era Vitorianaapareciam nos vestidos fluídos com pegada boho, nas golas de rufo, nas mangas volumosas com camadas de babadinhos e nas camisolas.
O jeans acid wash pintado dá o toque 80’s que também aparece na alfaiataria da marca, desta vez, com ombros quadrados bem marcados e cintura arrematada por cintos do tipo Obi (resultado da obsessão de Ghesquière com o Japão — lembram do Cruise desfilado em Kyoto?). Seguro do sucesso de alguns acessórios, principalmente devido ao hype das grifes esportivas, o designer optou também por combinar praticamente todos os looks com sneakers que ganham canos de diferentes alturas, até over-the-knee.
Destaque também para a colaboração com Grace Coddigton. A icônica editora de moda que é apaixonada por pets, assim como Ghesquière, criou uma linha de bolsas em parceria com a etiqueta com suas ilustrações de gatinho. Até o cachorro do designer apareceu na coleção! Ainda homenageando Coddington, a trilha da apresentação contava com a narração de Jennifer Connelly de um excerto de seu novo livro Grace: A Memoir. Arte, emoção, história e moda em um só show que, no fim das contas, acaba apontando para o futuro.
(mdemulher)