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O que somos capazes de sonhar somos capazes de realizar

Odontóloga Célia Tosta Fernandes relembra carreira e se emociona

Uma mulher que, desde menina, sabia o que queria. Na adolescência sempre foi focada nos estudos para o vestibular. Aos 17 anos, decisiva na escolha da profissão: cursar Odontologia. Sonhadora, independente e estudiosa, Célia Tosta Fernandes é a filha caçula de sete irmãos e teve sempre ambição de conquistar algo a mais.

O primeiro desafio, no entanto, não demorou a aparecer: sair de casa para estudar fora da cidade. Ou seja, morar sozinha.

“Sou a caçula de sete filhos e nenhum dos meus irmãos, até então, tinha saído para estudar fora. Meu pai era muito rígido e estudar fora e morar sozinha, era um tabu! Tanto que para conseguir seu apoio, precisei contar com os pais de uma grande amiga de infância e de uma de minhas irmãs para convencê-lo a permitir que eu fosse estudar fora”.

Então, aos 17 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro para cursar Odontologia, na Fundação Oswaldo Aranha, do Centro Universitário de Volta Redonda. “Quando entrei na faculdade – desde o primeiro momento – meu foco foi estudar. Estava ali para isso e era, realmente, o que eu queria de verdade. Sei que fui uma privilegiada, e tenho consciência de que muitos não tiveram as oportunidades que tive. Como estudante, nunca precisei me desdobrar trabalhando durante o dia e estudando à noite. Meus pais sempre me deram suporte para os estudos. Ofereciam-me o que eu precisava. Nem sempre o que eu queria, mas sei que este suporte me permitiu usufruir da vida coisas que eles mesmos nunca usufruíram, porque sempre foram pessoas extremamente simples. E, por isso, alimento um sincero e imenso reconhecimento e gratidão a eles. Na época, eu achava ruim toda aquela rigidez. Mas, hoje, reconheço que isso me ajudou muito”, conta, emocionada, sobre o legado do pai Décio Fernandes Fontes (in memoriam).

O tempo de faculdade marcou com memórias, sensações e lições. “Para mim foi uma experiência incrível porque superei a mim mesma, num movimento necessário de ‘desatar’ laços familiares e de amizade muito fortes! Tive medo, mas a vontade e a determinação foram maiores”.

Graduada e com 22 anos, ela enfrentou mais uma decisão difícil. Novamente partiu sozinha, desta vez, para a capital paulista. O objetivo era especializar-se e ganhar experiência na área. “Sempre foi um objetivo voltar para Três Lagoas, mas senti a necessidade de ir em busca desta maturidade profissional que me faltava. Ir para São Paulo foi a melhor escolha que fiz! Ali sedimentei meus conhecimentos acadêmicos, iniciei e amadureci em minha atividade profissional. Meu primeiro emprego foi de auxiliar de dentista com o doutor Azis Constantino – um dos pioneiros no país na área da Implantodontia. Um verdadeiro mentor em minha vida profissional e também pessoal. Lá não cheguei a montar consultório, mas trabalhava e estudava muito. Fiz vários cursos de atualizacão e, ao fazer minha pós-graduação na Universidade de São Paulo, tive contato com grandes nomes da Odontologia, que contribuíram muito com meu desenvolvimento profissional!”.

Mesmo assim, os estudos não cessaram à medida que a carreira avançava. Ao contrário, sentia-se cada vez mais entusiasmada com a vida acadêmica. Concluiu o mestrado na área de Prótese Dentária e partiu, em seguida, para uma nova especialização, na área de Implantodontia, em Araçatuba (SP). Ela não percebia, mas era o início do caminho de volta. Com 33 anos e bagagem suficiente de experiência, a odontóloga voltou para a cidade natal: Três Lagoas. Trabalhou com um colega de profissão por dois anos e, depois, seguiu para o consultório próprio.

“O que sempre me orientou muito na construção de minha carreira foram valores por mim desenvolvidos, mas já plantados pelos meus pais: honestidade, humildade, determinação e compromisso com o que se faz e, principalmente, com as expectativas do paciente. Atuando na área da Reabilitação Oral sinto que contribuo e realizo sonhos de muitas pessoas. Nossa vida deve basear-se em propósitos e a odontologia com certeza foi e é um dos pilares que dão sentido à minha vida, considerando tudo que ela me trouxe: novos desafios, aprendizados, amigos, sensação de ser útil a sociedade, realização pessoal e profissional”, finaliza.

Suas paixões

Depois de toda esta trajetória não é difícil deduzir que a construção de sua carreira é uma de suas paixões – mas não é a única. “Considero-me muito “antenada”! Gosto de estar a par do novo! Gosto de viajar, adoro teatro, cinema, conhecer novos lugares e culturas, e sempre que posso busco isso. Mas paradoxalmente, não nego: adoro minha casa e meus animais, que amo de paixão! É meu aconchego. Sou caseira, sinto paz em casa, e não tenho nenhum problema em curtir isso. Acredito que curtir a própria companhia e sentir prazer nas coisas que faz, mesmo enquanto ninguém está por perto, ou mesmo ter espaço para olhar para si mesmo, faz parte de nosso desenvolvimento emocional e pessoal.

Uma reflexão

Célia conclui a entrevista com uma reflexão que rege sua vida atualmente: “A noção da finitude da vida, tocou muito forte em mim, quando perdi meu pai e, logo em seguida dois irmãos, de forma prematura e inesperada! Somente depois de superar a dor imensa, consegui assimilar o aprendizado: absolutamente nada é definitivo, inclusive a vida e nosso tempo por aqui é limitado. Desde então entendi que só o essencial para cada um é o que vale a pena e isto é muito subjetivo, exigindo de nós a coragem de ser quem realmente somos, buscando nossas próprias verdades, satisfazer nossos próprios anseios, com o único objetivo de sermos felizes. Então, tento a cada dia praticar a gratidão pela oportunidade que Deus me dá de estar por aqui ainda, e buscar isso!

Célia Tosta Fernandes

Endereço: Avenida Eloy Chaves, 42, Centro – Três Lagoas

Telefone: (67) 3521-8518