Veículos de Comunicação

Primeiro capítulo de minissérie "Maysa" rende 30 pontos de audiência

No primeiro número musical da minissérie, a cantora atira um pé de sapato nos comensais falastrões de uma churrascaria exigindo atenção

-
-

O primeiro capítulo da minissérie "Maysa – Quando Fala o Coração", de Manoel Carlos, alcançou 30 pontos audiência, com 43% de participação, segundo informa a TV Globo nesta terça-feira, 6. Cada ponto equivale a aproximadamente 60 mil televisores ligados durante a estreia, isso só na Grande São Paulo. Maysa foi uma das personalidades de maior sucesso nos 60. Além do seu gênio forte e talento inquestionável, a minissérie promete mostrar mais do que sua carreira: o lado mulher da cantora, mãe de Jayme Monjardim, hoje, diretor da trama. 

No primeiro número musical da minissérie, a cantora atira um pé de sapato nos comensais falastrões de uma churrascaria exigindo atenção. Assim era a paulistana Maysa, temperamental, passional, linda (mais ainda na fase madura), dona de sedutores olhos de "oceanos não-pacíficos", como definiu o poeta Manuel Bandeira, e uma voz de fazer pedra chorar com canções como Ouça e Meu Mundo Caiu. Interpretada pela gaúcha Larissa Maciel que faz estreia na tevê, aos 30 anos, é essa Maysa intensa, autêntica, inconstante e perturbada que o público vai ver em nove capítulos.

Filho da cantora, o diretor Jayme Monjardim pediu ajuda a pessoas que conviveram com ela para recontar sua história, sem endeusá-la. "Além de procurar um distanciamento pelo fato de ser filho, também tive de ter esse distanciamento como diretor. Consultei essas pessoas para saber se a alma de Maysa estava lá, presente, bacana. Isso para mim era o mais importante", diz o diretor.

Há quem questione o diretor não só pelo comprometimento familiar com a personagem, mas pelo fato de demorar tanto tempo para levar sua história à televisão. Vale lembrar, porém, que Monjardim já produziu um documentário sobre Maysa no final da década de 70, como forma de terapia, que foi levado ao ar pela TV Bandeirantes. "Eu era piloto comercial quando minha mãe morreu. Um ano depois quis fazer uma homenagem, estava engasgado com aquilo, tinha um monte de coisa que eu queria botar pra fora", lembra. Com a documentação que encontrou dela, Monjardim fez um filme em super-8, que venceu o Festival de Penedo, no Rio. A partir daí, tomou gosto por contar história e produziu uma versão do mesmo filme em 35mm, levando-o à Bandeirantes. "Daí nasceu o primeiro programa de televisão que fiz de Maysa. Hoje eu não seria diretor se não tivesse feito um filme sobre ela."

Manoel Carlos também recontou a história da cantora baseado em diários, anotações e todo o material que a própria Maysa guardava sobre sua vida, e também criou situações fictícias, mas possíveis. O fim da história todo mundo conhece (o acidente de carro na ponte Rio-Niterói que matou a cantora no dia 22 de janeiro de 1977) e é por aí que a minissérie começa, mostrando uma Maysa serena, insone, livre do álcool que comprometeu a saúde e a vida artística. Sonhava em retomar a carreira de sucesso internacional em grande estilo.

A partir da sequência que culminaria na morte, vêm as lembranças de tempos glamourosos, desde a paixão por André Matarazzo, 17 anos mais velho do que ela, o casamento, shows consagradores no Copacabana Palace e em Paris, a lua-de-mel pela Europa – em cenários deslumbrantes como os canais de Veneza e as dependências do Copa. O capítulo inicial sintetizou diversos aspectos da personalidade da cantora, que por um tempo enfrentou o dilema entre se dedicar à vida familiar e a carreira artística. Como se sabe, ela optou pela segunda. Teve a coragem de chutar para o alto a segurança de uma vida plena na alta sociedade paulistana para dedicar-se à música. Esse foi apenas um dos escândalos que protagonizou, desafiando a moral da época. Maysa teve outros romances polêmicos, caiu em muita bebedeira, mas principalmente sofreu e cantou esse sofrimento por amor como poucas.