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Russos vão tirar UFN 3 das cinzas

Grupo estrangeiro, líder na produção de fertilizantes em seu continente, quer dominar setor no Brasil

Russos vão tirar UFN 3 das cinzas

Entre este segundo semestre e início de 2019, as obras de conclusão da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN 3), da Petrobras, em Três Lagoas, serão retomadas pelo grupo empresarial Acron Group – um dos maiores do mundo na produção fertilizantes minerais, com negócios em 60 países. Até o final do ano, a empresa da Rússia deve apresentar um cronograma da obra abandonada pela estatal e por um consórcio de empreiteiras, em dezembro de 2014, após festival de problemas. 

A compra da estrutura inacabada de Três Lagoas e a unidade de fertilizantes de Araucária (PR), num pacote definido pela Petrobras, ano passado, pode estar perto do fim. Executivos russos negociam as duas plantas de olho em um mercado gigantesco, em que o Brasil importa quase a metade de todo fertilizante que necessita, e com capacidade de ser referência continental de insumos.

Os valores da negociação nunca foram divulgados pela Petrobras.

Se concluída como pretende a empresa brasileira, a entrada em funcionamento da UFN 3, lá por 2021, vai representar uma nova etapa na fase de desenvolvimento da cidade, como novo polo nacional de mistura de fertilizantes e uma solução para a dependência internacional da importação.

Para Três Lagoas, contudo, interessa neste momento que, durante as obras, será necessária mão de obra de sete mil trabalhadores, segundo disse a aos senadores de Mato Grosso do Sul, durante reunião no começo de junho, em Brasília. Mas, além disso, com a fábrica rodando, serão abertos 500 empregos diretos e cerca de 1,5 mil indiretos, na cadeia produtiva de fertilizantes.

E ainda tem mais. A conclusão deverá possibilitar a chegada de mais 14 empresas do mercado de fertilizantes à cidade, conforme projeto inicial da Petrobras, protocolado na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, em 2010.

POLO

A previsão de polo considera que outras empresas do setor de mistura de NPK (Nitrogênio, fósforo e potássio) devem se instalar na cidade para atender a demanda da UFN 3, que  irá produzir 1,2 milhão de toneladas de ureia e 761.000 toneladas de amônia por ano. Das toneladas de amônia, 680 mil serão utilizadas no processo produtivo de ureia e 81 mil toneladas serão comercializadas, conforme o projeto inicial da Petrobras.

Além de contribuir para a geração de empregos e desenvolvimento de Três Lagoas e de Mato Grosso do Sul, a UFN 3 terá reflexo importante no país, porque o Brasil vai reduzir a dependência de fertilizantes, de 66% para 33%%. Os estados clientes daqui, como consumidores, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e parte do Paraná, segundo a estatal.

Outro setor impactado é o de logística – um dos que mais empregam em Três Lagoas para transporte da produção das fábricas de celulose. Segundo o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck, por dia, 600 caminhões sairão carregados com fertilizantes da fábrica.

Além da localização geográfica privilegiada, a oferta de energia e a logística que facilita as condições de transporte e ramal de gás natural foram outros motivos que fizeram de Três Lagoas a cidade fosse escolhida para receber a fábrica.

DISPUTA JUDICIAL

A construção da fábrica começou em setembro de 2011 e parou em dezembro de 2014, quando a Petrobras rompeu contrato com duas empreiteiras: a brasileira Galvão Engenharia e a Sinopec Petroleun, da China, com quem a estatal discute judicialmente um distrato complicado, com cobranças de valores elevados dos dois lados, na casa dos milhões de reais. Até tudo ser paralisado, os gastos da estatal já beiravam os R$ 3 bilhões, de um orçamento ainda 30% maior.

O maquinário instalado, diz a Petrobras em seu site, recebe manutenção permanente para minimizar o desgaste.

GÁS NATURAL

Em fevereiro deste ano, os governos de Mato Grosso do Sul e da Bolívia iniciaram negociações para o fornecimento de gás natural – combustível necessário para o funcionamento da fábrica. Para o Estado, segundo Verruck, é fundamental que o gás venha da Bolívia e que a MSGás, estatal responsável pela distribuição do combustível canalizado – seja a fornecedora para a UFN3. Finalidade: geração de mais ICMS.

A UFN 3 deverá utilizar 2,2 milhões de metros cúbicos de gás por dia. A MSGás já é  fornecedora para as empresas de Três Lagoas, principalmente às fabricantes de celulose.