Consumo de álcool foi o 7º principal fator de risco para mortes prematuras e incapacitação do mundo.
No Brasil, 4,2% da população sofre com transtornos por uso de álcool
O uso nocivo do álcool é um dos fatores de risco de maior impacto para o desenvolvimento de doenças, incapacidades e mortalidade em todo o mundo, relacionado a 3 milhões de mortes em 2016 (5,3% de todas as mortes no mundo). Os dados são do último Relatório Global de Álcool e Saúde, publicado em 2018 pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O mesmo documento estima que 4,2% dos brasileiros apresentem transtornos relacionados ao uso de álcool (abuso ou dependência), afetando 6,9% dos homens e 1,6% das mulheres. O índice já foi maior. Em 2010, a prevalência estimada era de 5,6% (8,2% entre homens e 3,2% entre mulheres). Em relação ao desenvolvimento de outras doenças, no Brasil, o álcool esteve associado, respectivamente entre homens e mulheres, a 69,5% e 42,6% dos índices de cirrose hepática, 36,7% e 23% dos acidentes de trânsito e 8,7% e 2,2% dos índices de câncer –em 2016.
“Álcool não deve ser usado como válvula de escape ou alívio de tensões, tampouco consumido sem se avaliar os riscos que traz à saúde. Estamos tratando de uma questão de saúde pública e considerada como prioridade pela OMS, que estipulou como meta a redução de 10% do uso nocivo de álcool até 2025. Portanto, a Semana Nacional de Combate ao Alcoolismo é uma oportunidade relevante para esclarecermos questões importantes sobre a doença e tratarmos de ações efetivas para sua prevenção”, destaca o Dr. Arthur Guerra, psiquiatra e presidente executivo do CISA – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool.
De acordo com o especialista, alguns fatores de risco podem contribuir para o desenvolvimento da dependência, como herança genética, traços de personalidade e idade do primeiro contato com o álcool. Inclusive, estudos mostram que indivíduos que começam a beber antes dos 15 anos têm cinco vezes mais chance de desenvolver problemas relacionados ao uso de álcool do que aqueles que começam a beber após os 21 anos.
Neste ponto, o CISA alerta para dados preocupantes. Segundo a OMS, mais de um quarto (26,5%) dos jovens com idades entre 15 e 19 anos consomem álcool no mundo todo. No Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2015, realizada pelo IBGE, com alunos do 9º ano do ensino fundamental (entre 13 e 15 anos), mostrou que 55,5% dos estudantes já consumiram bebida alcoólica e pelo menos 1 em cada 4 já sofreu episódios de embriaguez.
No caso de crianças e jovens, o Dr. Arthur Guerra ressalta que a prevenção começa em casa. “É fundamental que pais e familiares assumam sua responsabilidade na formação de valores que protejam essa população mais vulnerável do consumo precoce e excessivo de álcool. Mantenha um diálogo aberto e amigável para que seus filhos se sintam à vontade para tirar dúvidas, o relacionamento de parceria e confiança e a manutenção de hábitos saudáveis em casa”.
Como identificar: “O alcoolismo é uma doença silenciosa e progressiva, quando não tratada, sendo que um dos principais sintomas é a dificuldade para controlar o próprio consumo ou não conseguir parar de beber depois de ter começado. A boa notícia é que a maioria das pessoas com algum tipo de transtorno por uso de álcool pode se beneficiar de alguma forma de tratamento e a família é peça-chave nesse processo”, explica o especialista.
Se você tem um amigo ou familiar que tenha problemas com o álcool e quer ajudá-lo, a recomendação é fazer uma aproximação afetuosa, com respeito pela pessoa, sem julgar seu comportamento. “Pode não ser uma tarefa simples, mas o primeiro passo pode ser dado com a compreensão, o apoio e a disposição de fazê-lo refletir e, junto com ele, encontrar um caminho. Tenha claro que não se trata de um desvio de caráter, e sim de uma doença crônica, assim como diabetes ou hipertensão, por isso é fundamental o acompanhamento de um profissional de saúde que definirá o melhor tratamento”.
No Brasil, os locais mais conhecidos para tratamentos gratuitos especializados são os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD) e hospitais públicos e conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Grupos de ajuda mútua, como Alcoólicos Anônimos, são também um interessante recurso de apoio, sobretudo mais relevante para indivíduos que têm algum tipo de crença espiritual e aqueles que não podem arcar com os custos de um tratamento médico.
Sobre o CISA
O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA) é uma das principais referências no Brasil sobre o tema e, ao longo dos 14 anos de atividades, tem contribuído para a ampliação do debate sobre a relação álcool-saúde e para a conscientização e prevenção do uso nocivo de bebidas alcoólicas. Idealizada pelo psiquiatra e especialista em dependência química, Dr. Arthur Guerra, e qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), a instituição dedica-se ao avanço do conhecimento na área, atuando na divulgação de pesquisas e dados científicos com linguagem acessível, elaboração de materiais educativos e desenvolvimento de projetos. Seu acervo digital é formado por publicações científicas reconhecidas nacional e internacionalmente, estatísticas oficiais (governamentais) e conteúdo de qualidade publicado em jornais e revistas destinados ao público em geral. Nas redes sociais, possui canais ativos no Facebook, Instagram e YouTube, acesse!